quarta-feira, 9 de julho de 2014

“O modelo dos modelos”
Italo Calvino

Houve na vida do senhor Palomar uma época em que sua regra era esta: primeiro, construir um modelo na mente, o mais perfeito, lógico, geométrico possível; segundo, verificar se tal modelo se adapta aos casos práticos observáveis na experiência; terceiro, proceder às correções necessárias para que modelo e realidade coincidam. [..] Mas se por um instante ele deixava de fixar a harmoniosa figura geométrica desenhada no céu dos modelos ideais, saltava a seus olhos uma paisagem humana em que a monstruosidade e os desastres não eram de todo desaparecidos e as linhas do desenho surgiam deformadas e retorcidas. [...] A regra do senhor Palomar foi aos poucos se modificando: agora já desejava uma grande variedade de modelos, se possível transformáveis uns nos outros segundo um procedimento combinatório, para encontrar aquele que se adaptasse melhor a uma realidade que por sua vez fosse feita de tantas realidades distintas, no tempo e no espaço. [...] Analisando assim as coisas, o modelo dos modelos almejado por Palomar deverá servir para obter modelos transparentes, diáfanos, sutis como teias de aranha; talvez até mesmo para dissolver os modelos, ou até mesmo para dissolver-se a si próprio.
Neste ponto só restava a Palomar apagar da mente os modelos e os modelos de modelos. Completado também esse passo, eis que ele se depara face a face com a realidade mal padronizável e não homogeneizável, formulando os seus “sins”, os seus “nãos”, os seus “mas”. Para fazer isto, melhor é que a mente permaneça desembaraçada, mobiliada apenas com a memória de fragmentos de experiências e de princípios subentendidos e não demonstráveis. Não é uma linha de conduta da qual possa extrair satisfações especiais, mas é a única que lhe parece praticável.


                O modelo de educação não pode ser mais exato, único. Vários modelos são necessários, buscar aquele que venha de encontro com sua atual realidade, e nossa atual realidade diz que nossos alunos são diferentes, o que serve para um nem sempre servirá para o outro. Os resultados esperados nem sempre serão os mesmo.    
         Penso nos vários planejamentos construídos para meu aluno, quantas expectativas em relação ao resultado deste trabalho que nem sempre corresponde as expectativas esperadas. Muitas vezes é preciso rever as verdadeiras prioridades. Hoje durante o atendimento de AEE de um aluno conversava com a profissional de apoio sobre  como é difícil atingir o aluno, quantas opções são oferecidas e ele se nega a aceitar, ao mesmo tempo que conversávamos o quanto este aluno evoluiu no campo da linguagem. Então porque se apegar aquilo que tem mais dificuldade quando vem respondendo consideravelmente em outro aspecto?Precisamos apagar da mente os modelos e os modelos de modelos.